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Foto do escritorNilto Tatto

ARTIGO: UM ABISMO INTRANSPONÍVEL



No início desta semana, Luís Inácio Lula da Silva foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, qualificando-se enquanto presidente eleito, para a posse do mais alto cargo da República. No final daquele mesmo dia, grupos de extrema-direita promoveram uma série de ataques na capital da República, tentando inclusive invadir a sede da Polícia Federal, o que pode ser classificado como ato terrorista. Vídeos divulgados na internet revelam que uma parte do grupo de extremistas teria tentado, ainda que sem sucesso, acessar o hotel onde o presidente eleito estava hospedado na cidade.


Ao que tudo indica, os atos que culminaram no incêndio de carros e ônibus nas ruas do Distrito Federal, não seriam apenas para contestar o resultado das urnas, mas também uma espécie de ameaça, ou promessa, de que os bolsonaristas mais radicais permanecerão mobilizados, possivelmente para tumultuar ou até tentar impedir a posse de Lula em 1 de janeiro. Ainda que os criminosos não sejam numerosos, seus atos ganharam projeção nacional e internacional, colocando nas cordas parte das instituições brasileiras, inclusive as polícias Federal e Militar do Distrito Federal, esta última, incapaz de identificar e prender os responsáveis pelo terror, pelo menos até agora.


Circulam ainda pela rede mundial de computadores, imagens destes extremistas em restaurantes e centros comerciais de Brasília, ameaçando depredar veículos e obrigando cidadãos, inclusive crianças, a fugir, obviamente em pânico. As cenas contrastam severamente com o discurso repleto de emoção e respeito proferido mais cedo naquele mesmo dia, onde o diplomando Luís Inácio Lula da Silva, louvou a democracia; reforçou seu compromisso com a Constituição; com a construção de um país desenvolvido e justo e “com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo os mais necessitados”, nas palavras dele.


É nítido o abismo existente entre a figura do estadista Lula, que tomará posse de seu terceiro mandato e do fariseu Bolsonaro, que após 40 dias de silêncio desde a derrota nas runas, saiu da clausura para falar com seus apoiadores, em tom conspirador, atentando contra as instituições, antes de se retirar definitivamente da presidência da República e, se Deus quiser, da vida pública.


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