Segundo o Monitor da Violência, o Brasil lidera o ranking internacional de mortes por armas de fogo, com aproximadamente 60 mil assassinatos em apenas um ano. Esta triste realidade se revela diariamente na violência contra a mulher; indivíduos LGBTI; jovens negros e periféricos; povos indígenas e quilombolas, além de trabalhadores rurais e sem Terra, para citar apenas alguns grupos mais atingidos.
Em 2017 foram registrados no País ao menos 60 mil estupros (onde armas de fogo são fortes elementos de coerção). De acordo com a ONU Mulher, o Brasil figura entre os 5 países com maiores taxas de feminicídios - em média, são 12 mulheres assassinadas todos os dias, uma a cada duas horas, a maioria no interior de seus lares. A homofobia, lesbofobia ou transfobia também gera vítimas fatais – foram 347 casos de homicídios de pessoas LGBTI nos 10 primeiros meses de 2018.
Nas periferias dos grandes centros as vítimas são as mesmas de 500 anos atrás – a juventude negra. De acordo com a CPI sobre o Assassinato de Jovens que tramitou na última legislatura no Senado Federal, todos os anos mais de 23 mil jovens negros são assassinados, uma média de 63 por dia, ou um a cada 23 minutos. Além destes tristes números, é preciso lembrar que mortes por armas de fogo são uma realidade também no campo, geralmente ligadas à conflitos fundiários, seja em territórios indígenas e quilombolas ou em acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária.
Somam-se às vítimas humanas, os crimes contra os animais, que atingem inclusive espécies ameaçadas de extinção. Não é difícil supor que ampliar o acesso às armas intensificaria todos estes conflitos e ampliaria o já estarrecedor número de mortes. No entanto é justamente neste cenário de violência covarde que Jair Bolsonaro editou, em 07 de maio, um decreto flexibilizando a posse de armas, rejeitado pelo Senado Federal, mas que ainda será deliberado na Câmara.
Se havia alguma desconfiança de que o Presidente da República é elitista, racista, machista, homofóbico e sem compromisso com a vida animal, este decreto já não deixa dúvidas.
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