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ARTIGO:QUEM MAIS SOFRE COM AS EMERGÊNCIAS CLIMÁTICAS

Foto do escritor: Nilto TattoNilto Tatto
Imagem:GeoInova

Quando falamos que preservar o meio ambiente é uma questão urgente, muita gente acha um exagero - que esta é uma demanda distante da realidade da maior parte da população brasileira, que vive nas cidades. Vocês já devem ter ouvido por aí, por exemplo, que as emergências climáticas são problemas de gente rica que não se preocupa com as lutas das camadas mais pobres da população, contra a fome, a falta de moradia, por saneamento e saúde, por exemplo.


Esse engano não poderia ser maior. Em primeiro lugar é importante que se diga que os maiores causadores da crise climática são os países desenvolvidos, que hoje oferecem qualidade de vida para o seu povo às custas de modelos de exploração predatórios e altamente degradantes para o mundo adotados até hoje. Os países mais pobres, por outro lado, além de não emitirem tantos gases de efeito estufa, no passado ou ainda hoje, não tem condições financeiras para enfrentar o problema, além de sofrerem mais com secas prolongadas; enchentes; deslizamento de terra e outros fenômenos intensificados pelas mudanças climáticas.


A lógica é a mesma dentro de cada País, onde as parcelas mais pobres pagam muitas vezes com as próprias vidas, pelo descaso de décadas com as questões ambientais. Não iremos combater a fome se não enfrentarmos, por exemplo, um modelo de agropecuária que não produz alimentos; que concentra renda e ainda degrada o meio ambiente. A falta de moradias não será resolvida enquanto centenas de milhares de famílias forem obrigadas a viver em áreas de risco, ou de proteção ambiental. Também não teremos condições de oferecer água encanada, coleta e tratamento de esgoto adequados para toda a população, com a poluição e morte dos nossos rios, córregos e represas.


Os mais pobres, são sempre os que mais sofrem as consequências das emergências climáticas, inclusive e especialmente os moradores das periferias das grandes cidades. Olhar para o meio-ambiente como um direito social, previsto inclusive na Constituição Federal, é entender que esta luta não pode ser desassociada do combate às desigualdades.

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