ARTIGO: As contradições que movem a COP30
- Nilto Tatto

- há 8 minutos
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Em sua segunda semana, a COP30 já se anuncia como um palco de calorosos debates, onde as contradições entre os discursos de sustentabilidade e as complexas realidades locais e geopolíticas se manifestam de forma intensa. Longe de ser um sinal de fracasso, essa tensão é, na verdade, um componente natural e essencial da construção de políticas multilaterais ambiciosas e duradouras. É no calor dessas diferenças que se forja o caldo necessário para a ação climática, afinal, como diria o filósofo francês Jaques Ranciere, “política é dissenso”.
O sucesso na missão de garantir as condições de vida digna no Planeta passa por discussões cruciais, como a redução do uso de combustíveis fósseis e o necessário aumento da ambição climática, o que exige a intensificação de medidas concretas e eficazes para o enfrentamento das mudanças do clima. A justiça climática é central neste enredo, considerando especialmente a lógica da “responsabilidade comum, mas diferenciada”, onde aqueles que mais contribuíram historicamente com emissões de gases de efeito estufa (GEE) devem assumir compromissos mais ousados, seja no financiamento ou nas ações.
O aumento da ambição e o fortalecimento dos mecanismos de financiamento para os países em desenvolvimento são vitais. Neste cenário, o Brasil se destaca. Apesar de ser responsável por cerca de 3% das emissões globais, com aproximadamente 70% delas ligadas ao uso do solo (queimadas e pastagens), o país demonstrou um potencial imenso. A redução de 50% do desmatamento na Amazônia resultou em uma diminuição significativa de suas emissões de GEE, um feito que poucos países alcançaram e que nos coloca em posição de liderança e destaque no debate global.
Além disso, esta COP está sendo marcada pela mobilização social. A atuação incisiva da sociedade civil, das ONGs e dos movimentos socioambientalistas injeta a energia e a urgência dos territórios na mesa de negociações. É uma pressão fundamental para garantir que as decisões políticas se traduzam em ações que transformam a vida real. As contradições da COP30 não são obstáculos, mas sim os motores que impulsionam a busca por soluções inovadoras e justas. É preciso transformar o desalinhamento inicial em uma convergência de esforços pela sustentabilidade global, abrindo veredas para um futuro justo e sustentável.












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