Publicado originalmente em Gazeta de São Paulo em 14/04/2020
Durante a Páscoa, o Brasil tomou conhecimento do colapso no sistema de saúde do Amazonas. Na sexta-feira que antecedeu o feriado, Manaus, única cidade com leitos de UTI no maior Estado do País, já não podia receber mais nem um paciente grave. Abismados, governos Estadual e Federal se apressaram em instalar leitos; hospitais de campanha e tudo que podiam fazer para atender pacientes no Estado com a maior taxa de incidência de coronavírus do País. Será?
Há quase um mês, nosso mandato protocolou na Câmara dos Deputados uma indicação, ao Ministério da Saúde, para que fizesse um levantamento em todo território nacional para possível requisição, adequação e reabertura de estruturas hospitalares desativadas que pudessem ser utilizadas no combate ao Coronavírus. Também criamos Comissões externas para monitorar as ações do governo Federal no enfrentamento da pandemia em territórios indígenas e quilombolas, como no caso da Terra Indígena Yanomami e do município de Alcântara, no Maranhão.
Medidas simples, como aproveitar estruturas existentes, ou manter, fomentar e ampliar programas de saúde, podem e devem ser potencializadas neste momento, independente de qual parlamentar ou partido tenha feito a indicação. Ao final da crise, tais medidas se mantêm como ganho para toda a sociedade brasileira. Como bem lembrou o ex-presidente Lula, estamos em um esforço de guerra, contra um inimigo chamado Coronavírus. É hora de deixar as diferenças de lado e nos unir para proteger os cidadãos brasileiros. Não é hora, portanto, de partidarizar a discussão, mas de priorizar a defesa da vida.
Nos preocupam os novos relatos de morte de indígenas pela COVID19, ou da doença entre quilombolas, caiçaras e ribeirinhos, uma vez que são comunidades extremamente sensíveis aos vírus de doenças respiratórias. Mas é preciso lembrar que nos grandes centros urbanos a propagação do Coronavírus se dá mais rapidamente, como vimos em São Paulo e sua região metropolitana. Será que nestas regiões, como em Manaus, não existem estruturas prontas, esperando para ser aproveitadas, antes que o sistema entre em colapso?
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