ARTIGO LIXÕES: O triste retrato da nossa sociedade
- Nilto Tatto
- há 14 horas
- 2 min de leitura

A permanência de quase 3 mil lixões ativos no Brasil é um atentado ao meio ambiente e à vida. Estes empreendimentos, marcados pela degradação ambiental e pela violação de direitos humanos, continuam a lançar substâncias tóxicas na atmosfera, especialmente o metano – um dos gases de efeito estufa mais potentes, com impacto climático 80 vezes superior ao do gás carbônico.
O metano é resultante da decomposição da matéria orgânica em ambiente ou condições com pouco oxigênio, exatamente como ocorre em lixões a céu aberto. A permanência desse modelo de destinação dos resíduos representa um obstáculo direto às metas climáticas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris e em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (as chamadas NDCs). Ignorar esse problema é colocar um freio na transição ecológica necessária para manter a vida no planeta e para garantir a qualidade de vida que o povo brasileiro merece.
Mas não se trata apenas de gases ou de compromissos internacionais. Trata-se principalmente de gente. Dos moradores do entorno aos milhares de catadores e catadoras – majoritariamente mulheres, negras e negros – que, invisibilizados, sustentam suas famílias em meio ao descaso e ao risco constante. É nossa obrigação garantir que o fechamento dos lixões ocorra de forma humanizada, com alternativas reais de geração de renda e reconhecimento da contribuição histórica destes trabalhadores à reciclagem no Brasil.
É nesse sentido que coordenei, na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, uma audiência pública sobre o fechamento dos lixões e a inclusão socioprodutiva dos catadores. O enfrentamento à crise climática passa por ações concretas, e erradicar os lixões é uma delas. Defender o clima, a saúde pública e os direitos dessas trabalhadoras e trabalhadores é também defender um país mais justo, sustentável e comprometido com seu povo.
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