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  • Foto do escritorNilto Tatto

ARTIGO: AUXÍLIO BRASIL, NECESSÁRIO OU CRIMINOSO?



Arte: site do PT

Se um brasileiro comum não se comove com as cenas de seus conterrâneos remexendo o lixo em busca de restos de alimentos, ele perdeu a humanidade. Caso este cidadão seja o chefe do executivo, tanto nas esferas municipal e estadual, quanto Federal, além de valores éticos e morais, ele tem a obrigação inerente ao cargo que ocupa, de zelar primordialmente pela vida daqueles que representa. Neste caso, se não o faz, possivelmente incorre em crime, mas seguramente não tem competência ou envergadura moral para continuar desempenhando a função pública para a qual foi eleito.


Todos nós já vimos cenas de pessoas tentando retirar de um caminhão de lixo qualquer coisa que possa ser ingerida para matar a fome. Infelizmente, este não é um caso isolado: em muitas cidades do País, tem gente fazendo fila em açougues para conseguir restos de ossos, para quem sabe retirar deles algum alimento; ou revirando todo o lixo que encontram, não mais à procura apenas de latinhas para reciclagem, mas também na luta para não morrer de fome.

Sendo um problema estrutural no Brasil, a fome, assim como a desigualdade social, tem que ser enfrentada por meio de políticas públicas, como foi feito até hoje com o Fome Zero e o Bolsa Família. Reconhecidos internacionalmente, os programas conseguiram o que parecia inimaginável: retirar o Pais do mapa da fome, reduzir 15% da pobreza e 25% da extrema pobreza. Ao longo dos 18 anos de existência, muitas famílias se desligaram voluntariamente do Bolsa Família, porque conseguiram se estabelecer no mercado de trabalho e não precisavam mais do auxílio.


Com o acirramento da crise econômica desde a gestão Temer, intensificada nestes anos de governo Bolsonaro e de pandemia, o quadro se inverteu e o Brasil voltou rapidamente ao mapa da fome. Neste cenário, um investimento robusto na produção de alimentos (pela Reforma Agrária e agricultura familiar) e nas políticas de distribuição de renda existentes e bem sucedidas, se faz ainda mais necessário.


O caminho traçado pelo governo Bolsonaro, no entanto é outro: se de um lado ele desmonta o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e todas as políticas de assistência ao pequeno produtor rural, responsável pela produção de mais de 70% dos alimentos que consumimos, do outro ele acaba com o Fome Zero e o Bolsa Família. O Auxílio Brasil, que substituirá os programas que acabaram com a fome no País, aumentará o valor individual do benefício, o que é necessário e talvez até aumente a quantidade de beneficiários, mas por apenas 1 ano, exatamente no período pré-eleitoral. Depois disso, ficarão sem nada, o que é criminoso.









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