Durante duas semanas, chefes de Estado e representantes de 196 países estiveram em Glasgow, na Escócia, para a 26ªConferência das Partes da ONU (COP 26), encerrada no último final de semana. A ausência do presidente brasileiro no evento não foi nenhuma surpresa, já que o mandatário jamais demonstrou preocupação ambiental. Na ocasião, a tentativa de mostrar o Brasil real e construir alternativas às Emergências Climáticas, ficou por conta dos movimentos sociais, lideranças comunitárias e dos parlamentares de oposição presentes.
A delegação oficial, composta por governistas, representantes da indústria, do agronegócio e do ministério da Agricultura, por outro lado, foi para fazer propaganda do setor da economia brasileira responsável pelo aumento do desmatamento e das queimadas, que esteve na COP apenas em busca de dinheiro. A expectativa dos empresários e ruralistas era se beneficiar da “responsabilidade diferenciada”, conceito que prevê aporte de recursos dos países ricos para os mais pobres, para que estes possam atingir o desenvolvimento econômico preservando seus recursos naturais.
Bolsonaro e seus aliados querem se aproveitar que, embora o documento final da conferência reconheça a necessidade de reduzir em 45% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, é pouco conclusivo quanto às medidas que cada País deve tomar para fazê-lo. Pretendem assinar um compromisso e receber recursos, mas passar a responsabilidade adiante. Outro ponto relevante é o incentivo à um modelo energético de baixo carbono, o que nós, ambientalistas, temos chamado de “transição ecológica”.
Seguramente os representantes do governo Bolsonaro sabem que este conceito vem sendo discutido por aqui há algum tempo, envolvendo cientistas, ambientalistas, militantes, parlamentares e organizações sociais. Existem diversas propostas viáveis que poderiam colocar o Brasil de volta na posição de protagonismo que ocupou por uma década, no combate ao desmatamento e às emissões de gases de efeito estufa. A ideia parece não agradar o governo, que prefere manter altos os índices de desmatamento para pleitear vantagens econômicas sem o compromisso real de que irá reduzi-los.
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