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ARTIGO: UMA VEZ GOLPISTA

Publicado originalmente em Gazeta de São Paulo, dia 28/04/2020


Sempre golpista. 


Crédito da Foto: Marcos Corrêa/PR



A saída do ex-juiz de Curitiba e agora ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, do governo Bolsonaro, é uma tentativa de maquiar aquilo que todos nós sabemos: o grande pacto nacional das elites econômicas, firmado para tirar o Partido dos Trabalhadores da disputa presidencial e interromper o processo, liderado pelo ex-presidente Lula, de construção de uma nação. 


Bolsonaro é cria de Moro e não o contrário. Mas é claro que o marreco de Maringá não pariu o atual presidente da República sozinho e tampouco é o grande protagonista dessa história. Para tanto, foi preciso acasalar com parte da grande imprensa; com parlamentares e partidos de centro e de direita; com empresários fascistóides e é claro, com o capital financeiro internacional. 


É importante destacar, que golpe que é golpe não dura apenas uma eleição. Tem casamento, lua-de-mel, filhos e divórcio, para depois recomeçar com um novo casamento, esse sim planejado para durar. Acho que não preciso dizer que estamos no capítulo do divórcio, ou para que não reste dúvidas, de uma separação de aparências. Os que hoje se dizem desafetos, ainda comungam dos mesmos ideais. 


Basta ver algumas das raras proposituras de Sergio Moro em 14 meses no governo. Diminuir a taxação sobre a indústria do Tabaco (algo que sequer era atribuição do ministério que ocupava) e ampliar o acesso às armas de fogo, pauta reforçada quase que diariamente por Bolsonaro desde sua campanha. Como Bolsonaro, Moro também tem uma queda pelo autoritarismo e a ilegalidade, pelo menos desde que condenou Lula sem provas e mais recentemente, quando exigiu uma pensão vitalícia ilegal para aceitar o cargo de ministro. 


Moro deixa Bolsonaro como se não tivesse sido o artífice do pior governo desde a redemocratização do Brasil. Sai ovacionado pela parte da imprensa que ajudou a eleger Bolsonaro e pela opinião pública manipulada por ela. Bolsonaro não veio para ficar, mas tomou gosto e pode azedar os planos da direita golpista, que só estarão claros à luz das próximas eleições presidenciais. Até lá, viveremos à sombra desse pacto que excluiu o brasileiro das decisões mais importantes sobre a vida no País.

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